Minha irmã mais velha tinha um livro de poesias do Mário Quintana.
Ela largou o livro numa prateleira. Eu abri o livro e a poesia escorreu pela página. Eu precisei ler escondido, já que aquele acelerar do coração nao podia ser coisa permitida. Na orelha do livro o Quintana comentava que, para ele, os livros de poesia tinham que ter muito espaço em branco nas páginas, para que as crianças escrevessem e desenhassem neles. E os rabiscos das crianças fariam parte da poesia. Eu não era mais criança, mas naquela hora senti vontade de escrever e desenhar no livro. Pensei mesmo em fazê-lo escondido à medida que lia. Covarde, não tive coragem. Hoje em dia esse é um dos meus maiores arrependimentos. Não ter chorado sobre aquelas folhas, não ter rabiscado-lhe as páginas. Desenhado sóis rosas e árvores arroxeadas. De que valeu tê-lo poupado de tudo isso? Agora ele está amarelando-se em alguma prateleira distante de uma casa escura e triste.
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As entrelinhas estão povoadas pelos pensamentos ... dos leitores, dos filósofos, dos escritores, dos pensadores e até daquele garoto sem juízo que perde o dia olhando para as nuvens.
O Clube dos Poetas Mortos reunido concordou que na nossa era o Mário Quintana é, de todos os poetas do lado de lá, o que se adaptaria melhor às novas mídias. Aquela precisão. Num verso ser capaz de reunir toda a poesia do mundo. Em duas linhas toda a sabedoria humana. Quem diria, se aprende modernidades com um poeta do milênio passado.
Nós que estamos vivos cometemos erros
temos medo sentimos angústia temos dúvidas fazemos amigos nos apaixonamos precisamos enterrar nossos mortos às vezes nos sentimos completamente perdidos Tudo isso é bonito, é doloroso, é incompreensível ou faz muito sentido Tudo isso é o preço que pagamos por estarmos vivos. Eu tuito Tu tuitas Ele ... não sei Mas me diz uma coisa, O que tu andas tuitando Com esses seus dedos tesudos, Com essa sua calma como um passarinho ciscando ... ciscando. |
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