Kafka em algum dia do ano 1910 reclama dos cinco meses que se passaram sem que ele conseguisse escrever algo que o deixasse satisfeito. Se sentindo como uma palha seca, cujo destino é ser queimada numa tarde de verão, ansiando e temendo por isso, ele se pergunta se é infeliz. E chega a conclusão que após esse tempo de incapacidade de escrever não se sente infeliz, nem feliz. Ele não sabe como se sente. Ler os diários de Kafka me faz suspeitar de que todo o escritor sofre do mesmo mal. Essa necessidade de tirar de si, o que ele sabe que possui, todo essa imensidão de sentimentos que precisam ser expressados. Ao mesmo tempo uma eterna frustração, principalmente nos dias que por algum motivo ele não se senta e escreve. Eu me sinto assim às vezes. Como um animal preso. Nós que temos vocação para pássaros e vivemos numa gaiola. Nós que temos vocação para voar e que temos medo de não conseguirmos. Se apenas soubéssemos que não é preciso esforço nenhum. Que o vôo está escrito em nosso gene. Apenas é uma questão de pular, fechar os olhos e sentir o vento.
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