cgfernandes
  • Home
  • Zwei/Bilingue
  • Deutsch
  • Portugues
    • Blog da Clau
  • English

Sob o sol de Xangai

2/2/2015

0 Comments

 
(4)

"Preciso de uma arma."
Minha voz abafada pela máscara branca na cara.
"Não está exagerando?"
"Eu o vi, tenho certeza, se tiver chance vai me matar."
"Você sabe atirar?"
Puxei o ar, qualquer dia vou sufocar nessa cidade.
"Anda, avisa Chang."
"Não devia confiar nele."
"Quem disse que confio?"
O que pensei: não confio nem em você, seu filho da puta.

(5)

Cheiro de gelol. O chá verde-musgo dentro do copo de vidro. Os dedos da massagista pressionando os calombos nos ombros tensos. Não prestava atenção ao que dizia com sua voz de taquara rachada.
"Wo jian jao zhing zhong."
E se o assassino na cabine ao lado me notasse ali?

(6)

Alarido de cigarras. Na esquina o chinês virava na churrasqueira espetinhos de larvas de inseto.
"Ele traz passaporte sexta, quinze mil kuai ... notas de cem."
Assenti.
"Notas cem, cem."
Começava a me enervar. O cheiro de alho vindo de sua boca cheia de dentes amarelos me machucava fisicamente.
"Ok le!", disse me sentindo um pouco tola.

(7)

Era uma mulher. Ela. Chineses desgraçados que não distinguem pronomes pessoais. Buzinas, fedor insuportável de tofu velho. Precisava de outro plano bem rápido. Pensa, pensa. E se desistisse?
Cabelos muito lisos, negros como tinta, olhos rasgados, boca vermelha. Face branco-leite. Poderia ser personagem má de Kurosawa. Fora de cogitação. Eu teria de matá-la.

0 Comments

Sob o sol de Xangai

17/8/2014

0 Comments

 
Picture
Picture
Picture
Picture
0 Comments

Sob o sol de Xangai

15/8/2014

0 Comments

 
(1)

Xangai. Metrô entupido. Odor de sopa de repolho e de ovos cozidos. O barulho dos vagões soando como se fossem desmantelar sobre os trilhos. Ele me olhou. Fiquei sabendo no ato: o contrataram para me matar. Por que não me importava?

(2)

"Um passo depois do outro".

Discordei. "Não foi assim que nos aproximamos".

"Como então?"

"De olhos fechados com a certeza dos pés no precipício".

"Ah, você está contaminada com idéias baratas".

E não é que ele tinha razão?

Combinamos o encontro para a semana seguinte.


(3)

O céu vermelho sob nuvens púrpuras e smog. Poluição descendo sobre os prédios com seus dedos brancos. A cidade estendendo-se aos nossos pés da janela do trigésimo andar.

"Como uma cena de Blade Runner", ele disse.

Queria beijá-lo. Deslizar minhas mãos pelo seu corpo liso cheirando a jasmim. Sentir a intensidade de seu desejo. Será que chineses fazem sexo como os outros caras?





0 Comments

    Blog da Clau

    Amenidades.
    Reflexões de todo o tipo.
    Todos os direitos reservados para textos e fotos. Os textos só podem ser reproduzidos com devidos créditos à autora Claudia Fernandes.


    RSS Feed

    Categorias

    All
    Alemanha
    China
    Hoje Aqui E Agora
    Konversa Com Kafka
    Poesia
    Sob O Sol De Xangai
    Sobre Artistas
    Tudonada
    Wegkreuzungen
    Zen

    Arquivos

    November 2020
    April 2019
    March 2019
    February 2019
    January 2019
    October 2018
    September 2018
    August 2018
    December 2017
    November 2017
    January 2016
    February 2015
    September 2014
    August 2014
    July 2014
    May 2014
    February 2014
    January 2014
    November 2013
    August 2013
    July 2013
    March 2013
    February 2013
    January 2013
    September 2012
    August 2012
    July 2012
    May 2012
    April 2012
    January 2012
    November 2011
    October 2011
    September 2011
    August 2011
    July 2011
    June 2011
    April 2011
    March 2011
    February 2011
    January 2011
    December 2010
    July 2010
    June 2010
    May 2010
    April 2010
    March 2010
    February 2010
    January 2010

copyrights © 2023 - cgfernandes. Direitos reservados. All Rights reserved. Alle Rechte vorbehalten.
Proudly powered by Weebly
  • Home
  • Zwei/Bilingue
  • Deutsch
  • Portugues
    • Blog da Clau
  • English