Façam silêncio
Pois o poema vai encher a página Façam silêncio escuro Pois o poema precisa de peso Para atravessar A superfície da água Para deslizar Para o fundo Lá no meio dos peixes E suas sabedorias abissais Encontrará seu destino De ser comido
0 Comments
A lua mestrua?
Mestrua a lua quando nova? Sangra uma vez por mês? Despertando a ira das ondas Cheias, marés Minguantes, estacionárias Desastrosas e escuras O que acontece com a lua Quando pára de crescer? Deus tem dente
Que nem a gente? O destino sempre tece Até quando esquece? Qual o som do silêncio Quando ficamos todos quietinhos Olhando para o mar muito azul Num dia de domingo? O que o vento grita Para as folhas da calçada Que assustadas se arrastam Nessa tarde ensolarada? Sapatos
Vira-luas Folhas amarelas em pânico Cachorros Guarda-chuva perdidos Afinador de pianos "A vida é cheia de pacotes..." Ruazinhas A lua Quilômetros do silêncio noturno Andorinhas Trem que não vem Anjos sonâmbulos "As únicas coisas eternas são as nuvens..." As fadinhas com varinhas na mão batem asas e jogam pozinho de pirlimpimpim A boneca se espreguiça e as janelas fechadas Todos dormem As fadinhas riem sem os dentes da frente, banguelinhas executam piruetas de louva-deus e agitam suas asinhas cintilantes e a lua quer entrar no quarto se ela atravessa a cortina se ela se força pela sombra da noite o que acontecerá? Uma bailarina dança no centro do meu medo Uma bailarina com asas de borboleta Ossos de lagartixa Uma bailarina se olha no espelho no centro do meu medo Eu sem ossos Com pele de lagartixa Transparentes. Os olhos dela Inquebráveis. Os meus medos Os ossos que dançam no centro do espelho Eu de asas Como uma borboleta bailarina dançando no espelho do meu centro Uma joaninha bate asas na minha folha e voa sentido céu azul. Sol, rede, manhã, suco de goiaba, mar, brisa, sal, peixe, tomate e eu olhando as ondas. Onda, onda, onda, onda, onda, onda. Bate em mim boi, pasto, cheiro, rio, água, árvore. Bate, bate, bate. Pedra, concha, folha, graveto. Sereia, boto, lenda. Ciganos e música e roda e palmas e roda, saia e palmas, vermelha, roda, perfume, mulher, flor, cabelo, roda, roda, roda. Tonta, onda, mar, bate e vem e vai e joga e bate, areia, barco, remo. Vem e bate. Saudade. Durante a morte dormi e sonhei com a vida. Já se pegou não entendendo sua própria letra e descobrindo pérolas como a acima? Ou tendo um ato falho e percebendo que a relação das palavras cria uma poesia completamente nova e desconcertante? O ato foi falho? Será mesmo? Durante a vida sonhei que morria, até que percebi ... dormia. Os livros voam nossa imaginação entre folhas nossa alma com asas nas entrelinhas pensamentos sonhos devaneios Os livros voam? ou somos nós que ganhamos capa e número de páginas? Cansada de mim
da minha própria companhia dessa que conto dessa que descrevo para as pessoas Cansada do cheiro do meu próprio corpo dessa que vejo dessa que exponho nas fotos Cansada da imagem do meu próprio rosto dessa que vejo dessa que encaro quando olho no espelho Se eu pudesse eu fugia de mim ... |
Blog da ClauAmenidades. Categorias
All
Arquivos
December 2023
|