>>Então?<<
Nenhuma resposta da parte dele. Seus olhos se estreitam. O salão cheio de pessoas, mesas, cadeiras, toalhas de linho, xícaras, cafés. Cheiro de presunto e queijo derretido. Risadas do outro lado. Eu me levanto. Nossos olhos se encontram. >>Não acredito, seu covarde.<< O garçom se aproxima, luvas brancas e uma taça de vinho. O garçom hesita. Vermelho, o vinho. Permaneço imóvel. Minha respiração é alta. Ele engole em seco, o garçom e coloca a taça com cuidado sobre a mesa. Afasta-se. Os olhos grudados em nós dois. Dou mais uma chance a ele. Sem palavras, são olhos que suplicam. Ele se mexe na cadeira, parece relaxar. É isso? Ondas quebrando numa pedra. Azul e branco, verde e pedra. Está desistindo, é isso? Dou um passo. O que posso dizer? "Não me ligue". Palavras sem peso. Derramar a xícara? Café negro na toalha branca. Dramático, coisa de novela. O vinho, contra a parede. Pessoas se calando, risadas morrendo, o garçom sussurrando com o maître. Não. Caminho, passo por ele. É um movimento ínfimo, sua mão, ao alcance, seus dedos sobre os meus. Fria, sua pele. Hesito. É muito pouco, não é? Ondas no mar, fortes e violentas. Determinadas contra as pedras. Não assim, como eu. Num movimento mínimo. Fico parada, me agarrando a algas, são assim seus dedos, como algas. Não suportam, escorregadias, mas me agarro a elas. Seus dedos finos. Me agarro a ele. Então é isso.
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December 2023
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