Estou sentada na varandinha do apartamento no vigésimo terceiro andar em Xangai. Eu tenho a cidade aos meus pés. Daqui vejo o rio, que corta a cidade. A ponte que liga Puxi a Pudong. Os prédios altos sumindo no horizonte acizentado. O distante parece tão próximo. Ao tomar banho eu recordei a goiabeira no quintal da minha infância. Essa lembrança com gosto de choro. Há tanta coisa que se perdeu, que ficou para trás. As luzes do prédio à frente do nosso começam a piscar, marcando onde estamos, avisando aos aviões e aos outros objetos voadores que não seria boa idea colidir conosco.
Mais tarde vou dormir tranqüila sabendo que lá fora as luzes piscam.
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Dentro desse apartamento estou só
A cidade se esquece de mim Meu corpo sentado nessa cadeira Minha vontade de escrever histórias Ouço as buzinas o trânsito Imagino o apelo dos desesperados Tudo tão longe de mim Dentro desse apartamento estou só Quanto tempo leva para que nosso corpo, matéria e sangue, se acostume com os prédios, asfalto e concreto de uma nova cidade ?
Quanto tempo leva para que nosso cheiro se misture ao vento que invade as esquinas, túneis e galerias dessa cidade estranha? Quanto tempo leva para ser mais uma, esbarrando nos outros e andando apressada em direção ao metrô? |
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November 2020
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